As estacas e tubulões figuram entre os elementos estruturais mais empregados para fundações profundas em solos brasileiros e internacionais.

Aliás, a sua função essencial é transmitir as cargas das edificações até camadas mais profundas do solo, buscando uma resistência bem maior a partir de ensaios de sondagem do solo.

Com base na norma brasileira NBR 6122, essa transferência de carga ocorre por três mecanismos distintos:

  • Resistência de ponta na base da fundação;
  • Capacidade lateral gerada pelo contato entre o solo e as paredes da estaca ou tubulão;
  • Efeitos combinados da ponta e atrito lateral;

Assim, eles se comportam como pilares enterrados, pois são confinadas pelo solo ao redor, o que aumenta sua resistência e estabilidade.

Logo, esse confinamento permite às fundações profundas aproveitar tanto o atrito ao longo do fuste quanto a resistência na ponta para suportar as cargas da estrutura.

De acordo com a NBR 6122, uma fundação é considerada profunda quando atende aos critérios a seguir:

  • Profundidade (z) ≥ 3 metros e maior ou igual a oito vezes a dimensão do menor lado da seção transversal;

Por exemplo: Uma estaca com diâmetro de 20 cm → 8 x 20 = 160 cm → 1,6 metros < 3 metros → Profundidade mínima = 3 metros.

E os tubulões? Eles diferenciam-se por possuírem uma base alargada, logo, concentram a maior parte da sua resistência na sua ponta.

Dito isso, ao final deste artigo, você terá uma melhor compreensão de oito tipos de fundações profundas. Prossiga na leitura.

fundações-profundas

Visão Geral dos Tipos de Fundações Profundas

Embora sejam soluções técnicas bastante eficazes, as fundações profundas envolvem desafios importantes, tais como:

  • Custos elevados;
  • Execução mais complexa;
  • Necessidade de equipamentos e mão de obra especializada;
  • Investigação geotécnica detalhada e confiável;

Assim,. as estacas predominam entre os tubulões para uso como fundações, tanto no Brasil como no mundo.

Deste modo, fizemos uma seleção de oito fundações profundas, destacando-se:

  • Estaca Broca;
  • Estaca Escavada;
  • Estaca Strauss;
  • Estaca Hélice Contínua;
  • Estaca Pré-moldada.
  • Estaca Franki;
  • Estaca Raiz;
  • Tubulão;

Antes de tudo, você verá muito a expressão “moldada in loco“, e o que isso quer dizer?

Bem, esta é uma técnica de fazer um furo no solo com equipamentos especiais e retirá-lo para posterior colocação de armadura e concretagem.

Portanto, uma das características é o uso do solo lateral como forma para o concreto. Vamos prosseguir.

1 – Estaca Broca

Então, executa-se a estaca broca pela escavação manual ou mecanizada com trado, para em seguida adicionar concreto simples ou armado no furo.

Segundo a NBR 6122, essas estacas necessitam um mínimo de três metros de profundidade e capacidade de carga limitada a 10 toneladas, tornando-as uma solução indicada para obras de pequeno porte.

Seu processo executivo é simples, artesanal e pouco produtivo, assim, a estaca broca apresenta diversas vantagens:

  • Custo reduzido.
  • Nível baixo nível de ruído;
  • Vibração quase nula.

Apesar de eficiente, seu uso requer cautela em solos saturados, arenosos ou com presença de água subterrânea, pois aumenta a instabilidade nas paredes escavadas.

Por isso, indica-se o seu uso apenas em solos coesivos, como siltes e argilas com boa sustentação lateral, onde a cava se mantém estável durante a escavação.

Por outro lado, a armadura pode ser composta apenas pelo arranque de ligação com o bloco, ou mais reforçada, dependendo dos esforços previstos no projeto.

Veja neste vídeo do canal JR Construção como funciona a execução da estaca broca, com explicações e dicas práticas direto do canteiro de obras e volte para continuar a leitura do artigo.

2 – Estacas Escavadas

Para começar, as estacas escavadas são fundações profundas formadas pela retirada do solo e posterior preenchimento do furo com concreto, portanto, moldada in loco. Sua seção pode ser:

  • Circular: chamada de estacão;
  • Retangular: também chamada como barrete.

Assim, a execução desta estaca varia com as condições do local, pois solos coesivos permitem escavação a seco, sem uso de revestimento.

Por outro lado, os solos arenosos ou com água subterrânea exigem o uso de revestimentos e fluidos estabilizantes.

Estacas escavadas a seco

Quando o solo apresenta coesão suficiente, como em argilas acima do lençol freático, realiza-se a escavação com trado helicoidal acoplado a caçambas especiais.

Nesse caso, as vantagens são:

  • Flexível: ajuste das dimensões conforme necessário;
  • Equipamentos acessíveis;
  • Boa Produtividade;
  • Redução na geração de resíduos.

Descubra mais neste vídeo do canal Fundações sem Complicações como funciona a execução da estaca escavada a seco e volte para enriquecer mais o seus conhecimentos.

Estacas escavadas com fluido estabilizante.

Em contrapartida, em solos instáveis ou saturados, utiliza-se lama bentonítica ou polímeros para estabilizar as paredes da escavação, e esse processo envolve:

  • Emprego de revestimento metálico ou guia de concreto armado para estabilizar a escavação;
  • Efetua-se o controle de fluido por meio de ensaios, por exemplo, pH, viscosidade e quantidade de areia;
  • Substituir o fluido antes da concretagem;

No entanto, apesar desta técnica exigir mais custos, obtêm-se maiores diâmetros e profundidades de escavamento da estaca.

Agora, em solos rochosos, a escavação exige equipamentos especiais com sistemas de perfuração rotativa.

Sobretudo, as estacas escavadas, seja com fluido ou a seco, geram baixo nível de ruído e vibração e, logo, tornam-se ideais para obras em centros urbanos próximas a edificações vizinhas.

Entenda mais neste vídeo do canal Roca Fundações como funciona a execução da estaca escavada com fluido estabilizante e continue a leitura do artigo.

3 – Estaca Strauss

A estaca Strauss é executada com o uso de equipamentos leves no local da obra, tais como:

  • Um tripé de suporte;
  • Guincho para elevação;
  • Pilão para cravação;
  • Tubos metálicos rosqueáveis para escavação.

A propósito, para escavar utiliza-se uma sonda ou piteira, e introduz os segmentos metálicos até a profundidade projetada.

Durante a concretagem, lança-se o concreto no furo, e ao mesmo tempo, retira-se o tubo metálico de modo gradual, com apiloamento simultâneo.

Deste modo, garante-se o preenchimento do solo ao redor e melhora o atrito lateral da estaca, caso necessário, insere a armadura antes do lançamento do concreto.

Portanto, esta é uma solução vantajosa para obras de pequeno porte, em locais confinados, terrenos acidentados ou interiores de construções existentes.

Qual é o ponto? Um dos principais aspectos positivos da estaca Strauss é a baixa emissão de ruídos e a ausência de vibrações, o que a torna adequada para áreas urbanas e locais sensíveis

Além do mais, o baixo custo de implantação e a leveza do equipamento tornam essa alternativa atraente em situações específicas.

No entanto, a estaca Strauss apresenta sérias limitações como:

  • Baixa capacidade de carga;
  • Diâmetro limitado;
  • Não possui base alargada;
  • Gera bastante lama, o que pode impactar o canteiro de obras;

Em alguns casos, como na presença de solos bem moles e água, ocorre o risco da estaca estrangular.

Embora já tenha sido bastante utilizada, considera-se a estaca Strauss uma técnica tradicional e em declínio com baixa produção.

Deste modo, a sua substituição é inevitável por tecnologias mais modernas como a estaca hélice contínua.

Aprenda mais neste vídeo do canal Fundações sem Complicações como funciona a execução da estaca Strauss, não deixe de ler o artigo até o final.

4 – Estaca Hélice Contínua nas fundações profundas

Também conhecida como CFA (Continuous Flight Auger), ela tem uma alta relevância, pois a sua execução é bem eficiente sem ruídos e vibrações.

Deste modo, a produção é elevada, bastante versátil e minimiza o impacto ambiental pois mantém o local limpo.

No entanto, esta tecnologia é cara e nem todas as regiões têm sua disponibilidade.

Por outro lado, após a perfuração, o efeito da sujeira na ponta da estaca causa uma redução na sua resistência de ponta, deste modo, o atrito lateral tem mais relevância na sua capacidade de carga.

Aliás, um dos principais diferenciais desta estaca é o uso de monitoramento eletrônico em tempo real, o que permite controlar parâmetros críticos como:

  • Profundidade;
  • Pressão de concretagem;
  • Velocidade de perfuração;
  • Volume de concreto;

Essa tecnologia evoluiu e permitiu o desenvolvimento de três variantes principais da estaca hélice:

  • Contínua Monitorada;
  • Deslocamento Monitorado;
  • Trado Segmentado;

Estaca Hélice Contínua Monitorada (tradicional)

Os trabalhos para executar esta estaca consiste na rotação de um trado helicoidal contínuo com conexão a uma parte central oca.

Deste modo, a perfuração ocorre com o transporte do solo pela haste até a superfície.

E de modo simultâneo, bombeia-se o concreto pela haste enquanto o trado é retirado, e insere-se a armadura com o concreto ainda fresco.

Estaca Hélice com Deslocamento Monitorado

Por outro lado, nesta estaca escava-se o solo com a rotação de um trado especial, porém, sem retirá-lo, apenas desloca-o pela lateral.

O concreto é injetado através de um tubo central no trado e, ao mesmo tempo, retirado por rotação, seguido pela colocação da armadura.

Portanto, torna-se ideal para áreas com restrições ambientais ou dificuldades logísticas para transporte e descarte de solo.

Estaca Hélice com Trado Segmentado

Neste caso, realiza-se a escavação com a rotação de um trado segmentado, composto por hastes modulares com diâmetro uniforme ao longo de sua extensão

Assim, efetua-se a montagem dos segmentos ao mesmo tempo que a perfuração evolui.

O processo de concretagem e lançamento da armadura ocorre do mesmo modo já descrito anteriormente.

Dito isso, estas soluções tornam-se eficazes mesmo na presença de água subterrânea e seja em solos coesivos ou arenosos, e locais de difícil acesso.

Veja mais neste vídeo do canal Roca Fundações a metodologia de execução da estaca hélice contínua e prossiga a leitura.

5 – Estacas Pré-moldadas

Para começar, estes elementos estruturais são fabricados em empresas especializadas e movidas para cravação no canteiro de obras.

Dessa forma, a introdução da estaca no solo pode ocorrer por impacto, vibração ou prensagem, conforme as características do terreno e o material utilizado.

Logo, elas são fabricadas em diferentes materiais e tipologias, como:

  • Concreto armado ou protendido;
  • Metálicas (perfis I, H, tubos ou cantoneiras);
  • Mistas (metálico + concreto);
  • Madeira.

Por serem industrializadas, chegam prontas para uso, o que elimina a etapa de concretagem in loco e reduz o tempo de execução.

Além disso, é possível realizar cortes ou emendas em campo, o que permite ajustar o comprimento ao perfil de solo.

Também são bastante controladas em obra por métodos de cravação, ensaios de carga e integridade, o que garante maior confiabilidade à fundação.

Vantagens das Estacas Pré-moldadas:

  • Alta produtividade;
  • Controle de qualidade na fábrica;
  • Menor tempo de execução na obra;
  • Permite testes de cravação e carga;
  • Versatilidade de materiais;

Entenda mais neste vídeo do canal Destaca Engenharia a execução da estaca pré-moldada e depois prossiga na leitura sobre tipos de fundações profundas.

6 – Estaca Franki

Então, a sua execução ocorre com a cravação de um tubo metálico no solo, e na ponta inferior do tubo coloca-se a chamada “bucha seca”, uma mistura a base de areia, brita ou outro material granular e aplicam-se golpes sucessivos na peça por meio de um pilão.

Essa bucha fecha de modo temporário o tubo, permitindo sua cravação até a profundidade desejada.

Depois disso, ela é compactada com batidas do pilão para formar uma base alargada (bulbo) no fundo da estaca.

Desta forma, este efeito contribui para um aumento da capacidade de carga nesta estaca.

Após a formação da base, colocam-se as armaduras de aço e inicia-se a concretagem,lançando o concreto em camadas e compacta-se a cada etapa, conforme o tubo de revestimento é retirado de modo gradual.

Dito isso, a estaca franki apresenta um desempenho satisfatório pois conta com uma base maior e bem compactada, porém, a intensidade de barulhos e vibração pode incomodar em áreas vizinhas.

Além do uso de equipamentos pesados e volumosos, pois exigem espaço no canteiro de obras.

Aprenda mais neste vídeo do canal Silvio de Andrade a execução da estaca franki e depois prossiga na leitura.

7 – Estaca Raiz

A execução ocorre no próprio canteiro de obras, mediante perfuração rotativa, injeta-se água ou ar comprimido, pois ajuda a remover os fragmentos do solo escavado, mantendo o furo limpo.

Para evitar o colapso das paredes do furo, coloca-se um revestimento metálico temporário ao longo da perfuração.

Ao atingir a profundidade prevista em projeto, coloca-se a armadura e inicia-se a injeção da argamassa de cimento de baixo para cima, por meio de um tubo central.

Deste modo, preenche-se por completo a estaca e realiza-se a expulsão de água e materiais soltos para fora do furo, enquanto isso, retira-se o revestimento de modo gradual.

Neste caso, ela é indicada para obras em terrenos com rocha ou em locais de difícil acesso, como áreas urbanas densas ou para reforçar fundações em construções existentes.

Aliás, a estaca raiz causa baixa vibração, ideal para áreas sensíveis, e têm boa aderência ao solo devido a injeção sob pressão.

Em contrapartida, a sua execução torna-se lenta e os custos aumentam, pois usam-se equipamentos e mão de obra especializados.

Entenda mais neste vídeo do canal Brasecol Engenharia e Fundações a execução da estaca raiz e depois prossiga na leitura do artigo.

8 – Tubulão

Então, efetua-se o furo do tubulão de modo manual ou mecânico, e lembra uma verdadeira obra artesanal, pois o operário desce no interior do furo para limpar e ampliar a base.

Por outro lado, os tubulões com ar comprimido reinaram com produção bastante elevada em construção de pontes, por exemplo, a ponte Rio-Niterói.

Contudo, a Norma Regulamentadora NR-18, ao impor condições estritas de segurança para trabalhos em ambientes confinados, tornou impraticável e insustentável essa técnica.

No entanto, apesar das limitações normativas, outros tubulões, como os escavados a céu aberto, ainda são executados em regiões específicas, como:

  • Em locais com escassez de equipamentos modernos para estacas;
  • O solo é bastante coeso e estável para executar uma escavação manual mais segura;

Nestes casos, torna-se uma solução prática, e também, para locais afastados dos grandes centros urbanos, onde carecem de uma logística de máquinas como guindastes, perfuratrizes e caminhões do tipo betoneiras.

Por outro lado, em áreas urbanas com acesso a tecnologias mais modernas, as estacas moldadas ou pré-moldadas costumam ser mais rápidas, seguras e econômicas.

Dito isso, a NR-18 é essencial para aumentar a segurança dos trabalhadores, por isso, o uso de tubulões não deve ser automático ou por tradição, mas sim, uma escolha técnica justificada.

Por essa razão, sempre que existirem opções mais seguras e produtivas, é importante considerar sua substituição.

Descubra mais neste vídeo sobre tubulões e prossiga a leitura.

Considerações Finais sobre Fundações Profundas

As fundações profundas, como estacas e tubulões, são mais do que simples estruturas enterradas.

Assim, elas são soluções de engenharia inteligentes e projetadas para vencer as adversidades do subsolo e garantir segurança às construções, transferindo as cargas de maneira eficiente e confiável.

Por isso, a escolha tem como base estudos geotécnicos, critérios técnicos e uma análise cuidadosa do custo-benefício, portanto, respeita as condições do terreno, da obra e da logística local.

E vale lembrar: nem sempre é preciso ir tão fundo, pois muitas vezes as fundações rasas oferecem uma alternativa mais econômica, rápida e eficaz.

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Referências Bibliográficas:

  • Fundações Profundas – Volume 2 : Dirceu A. Velloso e Francisco R. lopes;
  • Notas de aula – Curso online da Engeduca;

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